
#2.BTT Marmelete 6|nov|22
Domingo é dia de rolar na bicicleta. Este último (6|nov|2022) foi dia de convívio. Foi dia de celebrar a amizade. Foi dia de descer a montanha. E foi também dia de rebolar pela montanha abaixo com uma cambalhota por cima da bicicleta e malabarismos dignos do homem aranha, mas com um aterrar nada digno do super-herói. Foi mais do género de queixo a lavrar a terra e com os braços e as pernas sei lá por onde.
Ponto de encontro: restaurante snack-bar Luz, Marmelete, Monchique (Algarve). às 8h44 em ponto, como combinado, lá estávamos no ponto de encontro, prontos para descargas de adrenalina no parque de diversões com muitas pistas por onde escolher. Das mais difíceis ou impossíveis, mas o que é certo é que mesmo estas pistas há quem as faça, às mais acessíveis ao comum dos ciclistas. E porque para se descer é preciso subir antes, houve quem tivesse apanhado boleia até ao Miradouro da Foia, que nem miúdo deixado à porta da escola, para evitar o sofrimento estoico de ter de subir uns seiscentos metros de acumulado em três ou quatro quilómetros sem assistência da eletricidade.

O plano era descer e descer e depois, se houvesse tempo e vontade, subir até meio e voltar a descer por outro qualquer percurso dos muitos disponíveis – mais ou menos como as crianças no parque infantil a trocar do baloiço para o escorrega e depois para o balancé. Porque o desejo de aventura pelo desconhecido era maior para uns do que para outros, dividimo-nos em dois grupos: um, do qual eu fazia parte, foi por um percurso mais duro – eu estava com a moral lá onde a montanha toca o céu; o outro grupo foi por um percurso menos duro.
O meu grupo, perante uma bifurcação com dois percursos voltou a dividir-se e eu o Dinamite e o Salgadinho fomos por um percurso mais acessível (achava eu), mas com uma descida bem jeitosa, terra solta e muita folhagem. Nesta descida a roda traseira deslizou demasiado e fui uma primeira vez ao chão mas foi quase um encosto – nada de especial, para, logo a seguir, rolar de novo descida abaixo.
Apesar do drop do assento todo em baixo e eu bem recostado atrás, vi a roda da frente bloquear e eu fui lançado por cima do guiador e depois de uma ou outra cambalhota – nem sei quantas, já só paraei no chão, depois do queixo lavrar o terreno e o adubar com algum sangue – pronto para semear ervilhas ou favas. Quando o Salgadinho me viu, percebi que a coisa não estava muito bem para os meus lados – em vez de gozar comigo, veio em meu auxílio com cara de preocupado – como quando vemos um idoso cair em plena via pública. Felizmente os dentes mantiveram-se todos e a coisa parecia pior do que realmente foi.
Podia ter sido bem pior, mas o que me fez cair – a terra solta e fofa, também me amparou a queda e acabou por ser só qualquer coisa como um tratamento de botox nos beiços na tentativa de imitar as manas Kardashians, no meu caso sem milhões de cachet. Com algum sangue à mistura e umas dores nos pulsos, já no restaurante, valeram os 600 mg de ibuprofeno que a Cláudia trazia na mala do Sport Billy e os sacos de gelo que me foram dando para atenuar a coisa. Aos netos, um dia, hei de contar que atropelei um javali e que lhe dei tão forte antes de cair que o comi ao almoço.
O convívio e a amizade dos Aleijados, a juntar ao ensopado de javali e às bochechas de porco preto no restaurante snack bar Luz, com um serviço simpático, e o néctar dos deuses espremido dos frutos vermelhos redondinhos típicos da zona, ajudaram a compor a coisa e a ganhar ânimo para mais uma semana, apesar das mazelas.
Mais informações sobre os percursos disponíveis na zona em Trailforks.
Grande David, e ainda assim estiveste sempre bem disposto e com um sorriso pronto!! Tu também desafiaste e bem a gravidade, mas soubeste cair com estilo e mesmo em queda, estiveste bem!! Continua a acompanhar-nos, pous os Aleijados gostam do teu sentido de orientação. Beijinhos.