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#3.BTT Boliqueime 27|nov|22

#3.BTT Boliqueime 27|nov|22

Algumas palavras podiam resumir a volta de BTT deste domingo: desencontro, indecisão, seca, defunto no caminho, três medronhos, falésias lá ao longe e pão de forma sobrelotado!

Esta, tal como todas as outras aventuras dos Aleijados, começou por ser um esboço na sexta-feira anterior, no núcleo do rei da selva, entre muita conversa, petiscos da D. Ana e umas loiras bem geladinhas! Tão geladas que o encontro de domingo começou com um desencontro. Afinal, dos Aleijados – assim chamamos ao grupo (cada um tire as suas conclusões da denominação), apenas eu entrei no cavalo de ferro em direção a Boliqueime – abandonado e jogado à minha sorte! Que amigos fariam uma coisa destas a um membro do grupo!? Só uns selvagens!
Quando prendi a bicicleta no gancho da carruagem vi que o cabo do desviador de mudanças estava nas últimas – quase a rebentar, consequência da queda em Marmelete, e aí surgiu a indecisão entre sair do comboio e voltar para casa ou continuar a aventura. “Que se lixe!”, Pensei! Ainda que o “lixe” começasse por “f”, e lá segui eu, seguro de que chegaria ao destino e pensei “Se é para a desgraça, que seja completa!”.

Quando no grupo do WhatsApp eu escrevi que ia sozinho no comboio, aposto que a maioria pensou “Estamos tramados, temos de o ir procurar num qualquer apeadeiro, que o gajo vai perder-se! Se não entrou no comboio errado há de enganar-se na estação de saída!” É mais ou menos este o pensamento que o grupo tem do meu sentido de orientação! Falo dos tais selvagens! Mas às 9h25 lá saí do comboio, todo triunfante, e o grupo lá estava à minha espera no apeadeiro de Boliqueime.

Algibre, aí vamos nós! Qual Algibre? A ribeira ia seca que nem passas de uva já fora de prazo há dois anos e que oferecemos aos amigos na passagem de ano! Valeram os single tracks e a densa vegetação que cobria vários quilómetros, onde a luz do sol quase não se via e que dava um ar ainda mais aventureiro à coisa – como uns verdadeiros exploradores nas florestas tropicais do Vietnam ou arredores.

Provavelmente ainda consequência de uma qualquer guerra, a meio caminho fizemos uma paragem brusca para não matar, pela segunda vez o corpo defunto do Sus Scrofa. O valente do Dinamite rezou-lhe um Pai Nosso e uma Ave-maria e lá desviou o corpo para fora do caminho, proporcionando-lhe um funeral digno de um ser que terá família por aí espalhada pela serra algarvia ou no estômago de um qualquer caçador. Como não lhe vi as pendurezas fiquei sem saber se era um javardo ou uma gironda, também conhecido por javali (ele) ou javalina (ela).

O percurso foi feito por uma mão cheia de aleijados, mas o almoço circunscreveu-se a um trio de vedetas e lá está, até o dono/funcionário do restaurante percebeu logo que que eu pertencia à terceira divisão do regional das minis geladas e que o meu lugar seria no banco para entrar nos últimos minutos quando o resultado já estivesse garantido. Tanto que, quando lhe pediram três medronhos para assentar o repasto olhou para mim para ter a confirmação se seriam mesmo três. O crédito que nos dão nesta vida!!! Até a queda em Marmelete doeu menos do que esta desconsideração. 

 

O esboço da aventura previa o regresso a Faro pelas Falésias, que é mais ou menos como um parque infantil para quem anda de elétrica – é prazer sem dor e o acelerar do coração nas descidas, mais do que nas subidas. Mas as ditas ficaram ao longe porque depois do almoço já nenhum dos três estava disposto a tal façanha.

 

Regressámos no pão de forma do Salgadinho, comigo acomodado num qualquer espaço junto das bicicletas – mais uma vez abandonado à minha sorte. Selvagens!

 

Voltámos inteiros e prontos para a próxima! 

Tarantino, põe-te bom e em condições!

2 thoughts on “#3.BTT Boliqueime 27|nov|22

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      David, meu caro amigo, continua a escrever estas crónicas do Aleijados, tal como só tu sabes escrever e descrever as situações!!! Pois realmente foi pena o “grupo” ter-se cortado nesse passeio, que por sinal é bem bonito… quando vierem as chuvas, se vierem iremos todos, com certeza. E quanto ao senhor do café, não se faz, a desconsiderar uma pessoa, então?? um Aleijado nunca recusa um pirolito, se fisse a ti pedia o livro de reclamações 😁 beijinhos e continua com as tuas narrativas, que são fantásticas!!! Beijinhos de uma Aleijadinha😘 a Cláudia

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