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#5.BTT Natal dos Aleijados 19|dez|22

#5.BTT Natal dos Aleijados 19|dez|22

Depois de uma semana de pausa, por preguicite aguda, afazeres atrasados e alerta multicolor do IPMA, nada como voltarmos à ação e logo na Fonte Férrea, no Alportel – ou será em Alportel?

A manhã estava fresca e húmida, muito húmida, e o nevoeiro dava um ar místico à extraordinária paisagem esculpida entre montes e vales e embelezada pelo denso arvoredo da zona – um mundo à parte do litoral algarvio de areia e praia.

Como combinado na sexta-feira, o ponto de encontro estava marcado para as nove horas e vinte e oito minutos na Sociedade Recreativa Alportelense (Alportel, São Brás de Alportel). Os caçadores eram ao magote, alguns motociclistas e nós – os Aleijados do BTT para nos aventurarmos nos trilhos e pistas à volta da Fonte Férrea e celebrarmos o Natal dos Aleijados.

Sete Aleijados jogaram-se à aventura – seis eletrificados e o Dinamite com bateria biológica – recarregável com bananas, barritas energéticas e minis geladas. A chuva, ainda que sempre à espreita, ameaçando-nos a todos: ciclistas, motociclistas e caçadores, não deu ares da sua graça e manteve-se distante do nosso caminho.

Finalmente apanhámos linhas de água com a dita a correr e a fazer-se ouvir ao longo de grande parte do percurso. Passámos por algumas cascatas, tímidas, mas deslumbrantes, e claro está que são sempre um bom spot para os telemóveis entrarem em ação e ficarem registos fotográficos para memória futura.

O pneu da bicicleta da Nela estava a suspirar pelo descanso merecido e deu os últimos suspiros a meio do caminho – foi uma morte tranquila. A oficina da Red Bull entrou em ação e, à semelhança de algumas obras públicas, enquanto dois mecânicos trabalhavam, cinco fiscais observavam e avaliavam a intervenção, opinando assertivamente sobre a delicada operação. Ao contrário das ditas obras públicas, o orçamento ficou dentro do previsto, reaproveitaram-se materiais e nenhum lixo foi deixado para trás.

Entre subidas e descidas, trilhos no meio da vegetação e pelo meio de algumas ribeiras* lá fomos pedalando extasiados com a paisagem e com o percurso. Apanhámos a primeira linha de água e, como é costume, a abordagem inicial é sempre contida e com o cuidado máximo para evitar molhar os pés. A partir da segunda linha de água transformamo-nos em selvagens e lá vamos nós, sem dó nem piedade, à espera que se faça o milagre bíblico da separação das águas, mas como a espiritualidade do grupo não chega tão longe, ficamos encharcados até aos ossos e com os pés gelados do frio. A vantagem é que a lama acumulada nos pneus sai e voltam a ter aderência.

Depois, foi a minha vez de fazer entrar novamente em ação a oficina da Red Bull – a sorte é que entre uns e outros há sempre solução para os desafios que vão aparecendo. No meu caso uma lata de espuma para dentro do pneu tapou o furo e continuámos caminho pelo meio da Ribeira com o nível da água acima do motor da bicicleta, mas lá continuou a bombar e não faiscou.

Pelo caminho pudemos apreciar a paisagem e a veia artística da Natureza. Se os U2 tivessem visitado estas terras há umas décadas, teríamos agora um épico LP com Alportel Tree na capa e o Joshua Tree teria sido apenas um projeto adiado da maior banda do mundo!

Pelo caminho as bananas e as barritas energéticas do Dinamite esgotaram-se e o Tarantino – sempre amigo dos mais desfavorecidos e sofredores, lá esticou a corda para o reboque numa subida que parecia não ter fim e o acumulado já era jeitoso.

No final do percurso regressámos à Sociedade Recreativa Alportelense para o almoço de Natal dos Aleijados. 

Cansados, enlameados, com os pés encharcados e gelados até ao osso, e as nuvens a ameaçar lá no alto, cada um protegeu-se como pôde – uns taparam os pés com toalhas e outros calçaram luvas nos pés. 

E foi assim que terminou a última volta dos Aleijados de 2022: por entre paisagens deslumbrantes, a adrenalina das descidas, o esforço hercúleo do Dinamite nas subidas, o suor e as peripécias do caminho, encerrámos a época de caça com comida, bebida e boa disposição; celebrámos a vida e a amizade e fizemos a catarse dos dias menos bons. Uma terapia completa para a alma e para o corpo.

P’ró ano há mais!

* Deve ter sido sempre a mesma ribeira, mas em vários locais. Eu é que nunca memorizo essas coisas.

2 thoughts on “#5.BTT Natal dos Aleijados 19|dez|22

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      David, tu pensa seriamente em deixar o mundo digital e começa a escrever romances,pois tens veia para a coisa!! Muito bom, e foi isto mesmo que se passou, no passeio natalício dos aleijados, que desra vez se safarem de mazelas!! Adorei a seleção de fotos, está brilhante!! Continua a fazer promoção ao teu blogue, pois já tens quem te siga com muito gosto!! Beijinhos e um Danto Natal, para ti e oara os teus!!🎄🎁🎅🌟❤️😘

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