
#11.BTT dois em um mais uma vez
Um acaso num domingo há dois anos, mais coisa, menos coisa, fez com que me cruzasse com um grupo de ciclistas – Os Aleijados! Desde então os domingos têm sido um constante desafio. O creme de chocolate crocante no meio do bolo. O pirolito no final do repasto.
A cada sexta à tarde preparamos o domingo seguinte e também estas têm sido verdadeiros desafios – os fios de ovos no gelado de Dom Rodrigo, mas o domingo é mais constante.

Ao longo de dezenas de domingos a explorar percursos de BTT, umas vezes perto de casa e outras mais longe – em que ou vamos de carro ou de comboio, acabamos por ter de repetir alguns percursos, mas, ainda assim, encontramos sempre algo novo para disfrutar: alguma parte do percurso que afinal não havíamos ainda percorrido, um “single track” desafiante por rolar ou um restaurante por experimentar ou qualquer outra coisa. Foi assim na Mata da Conceição, Santa Rita, Tavira (26|março|23) e foi assim na Mina de São Domingos, Mértola (02|abril|23).

Na Mata da Conceição, e arredores, descobrimos percursos que não conhecíamos. O vento era muito, mas tudo o resto compensou: desde os “single tracks” que desconhecíamos – pelo menos alguns de nós, ao baloiço no cimo do monte com vista para o mar, as pequenas ribeiras repletas de vida e, no final, o restaurante da Bela Vista – este não foi novidade, mas, pela segunda vez, o grupo d’Os Aleijados ficou plenamente satisfeito com o repasto. E quando repetimos é porque gostamos!


A voltinha das Minas de São Domingos e arredores foi, como já antecipávamos – um exagero exageradamente exagerado! Dizemos sempre que mais do que três horas de percurso ou trinta quilómetros de distância é um exagero. Sabemos, queixamo-nos, mas repetimos sempre o mesmo erro e dizemos que é a última vez – pelo menos até à próxima! O corpo queixa-se de passar tanto tempo mal sentado e a alegria de pedalar e de sentir o vento na cara transforma-se numa luta pela sobrevivência do dito cujo que suporta o peso do tronco. Como nem todos os Aleijados têm bicicleta elétrica, o corpo trava uma luta hercúlea contra as cãibras e as dores musculares. A voltinha da Mina foi isto tudo multiplicado umas quantas vezes.

Começou às 6h30 e terminou às 20h30 – foram catorze horas de aventura e não as três horas recomendadas. 1h30 de viagem de carro, duas ou três horas de aventura por lugares que mais parecem saídos de um filme rodado em Marte ou de um cenário de guerra numa paisagem desértica, uma hora e meia de puro deleite ao almoço e depois vem, mais uma vez, a desgraça completa: porque a paisagem é deslumbrante, fazemos quilómetros e mais quilómetros para ir aos Canais do Guadiana. A paisagem vale mesmo a pena! Lavamos a vista, mas destruímos as pernas – pelo menos aqueles que não têm assistência. A sorte é a corda de atrelado da bicicleta do Tarantino e um ombro amigo para nos agarrarmos nas subidas e deixarmo-nos ir embalados por uma elétrica. Concluídos os quase 70 km de percurso, a bateria da minha bicicleta indicava cinco quilómetros de autonomia – desta vez foi quase até ao osso!
Foi duro para os três analógicos, mas entre a corda e o ombro amigo, lá chegámos todos ao fim e valeu bem a pena!
P’ra semana há mais!
* “Private Joke”
Espetacular, como sempre!! Basta ler, para sentir o que os analógicos sofreram, valeram-lhes a corda e o ombro amigo, mas ainda assim, foi um desafio e pêras. Obrigada David!! Boa Páscoa. Beijinhos